Pular para o conteúdo principal

Vitamina D reduz severidade de bronquite em crianças

 


Caracterizado como doença de infecção viral, a bronquiolite atinge milhares de crianças no mundo todo. Além de ser a maior causa de hospitalização infantil, segundo dados publicados na revista The Journal of Pediatrics (2018), a bronquiolite pode apresentar elevada severidade quando combinada à deficiência de vitamina D. Mas qual o efeito dessa vitamina na bronquiolite infantil e quais suas consequências? Continue lendo o post e saiba mais!

O que é?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afecções respiratórias como pneumonia e bronquiolite são as principais causas de mortalidade infantil antes dos 5 anos de idade. A bronquiolite pode ser causada por diferentes vírus respiratórios, sendo o vírus sincicial (VSR) o mais comum, conforme Sanchez-Luna (2016). Alguns sintomas da bronquiolite incluem obstrução das vias aéreas, desconforto respiratório acompanhado de coriza, tosse e chiado (MORENO-SOLÍS, 2014).

Ocorrência

De acordo com os dados publicados na revista Pediatrics (2013), cerca de 130 mil hospitalizações por bronquiolite ocorrem anualmente nos Estados Unidos (EUA) e até 500 mortes por ano. Além disso, a OMS estimou que ocorrem cerca de 2 milhões de mortes anuais de crianças até 5 anos devido a problemas respiratórios – representando cerca de 20% de todas as mortes infantis no mundo. Aproximadamente 800 mil crianças/ano necessitam de atendimento médico nos EUA durante o primeiro ano de vida devido a complicações respiratórias causadas pelo vírus da bronquiolite. Embora não haja estimativas concretas de incidência do vírus VSR no Brasil, dados de hospitalizações indicam semelhança com relatos mundiais – conforme dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (2011).
Globalmente, o vírus VSR foi responsável por números entre 66 mil a 199 mil mortes de crianças abaixo de 5 anos em 2005 (HAYNES, 2013). Segundo dados de Nair (2010), a ocorrência de bronquiolite é maior durante os meses de inverno quando o vírus VSR representa a maioria dos casos. Todavia, no Brasil, devido às diferenças sazonais entre os Estados, a circulação do vírus apresenta períodos diferentes, conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria: Entre abril e maio é maior nas regiões sudeste, nordeste e centro-oeste e em junho e julho no sul do país.

Causas e consequências

O principal fator de risco sugerido para bronquiolite é a prematuridade. Como a transferência das imunoglobulinas (anticorpos) da mãe passam para a criança no terceiro trimestre, os bebês prematuros podem ter maior risco de bronquiolite devido as defesas estarem reduzidas – conforme Meissner (2016). Segundo o mesmo autor, crianças com doença pulmonar crônica (caracterizada por perda alveolar e inflamação) apresentam maior risco de bronquiolite severa do que apenas o fato da prematuridade isolado. Além disso, cardiopatias congênitas (malformação cardíaca), hipertensão pulmonar ou insuficiência cardíaca congestiva elevam o risco de desenvolvimento de bronquiolite em crianças.
Também, casos de bronquiolite severa no início da vida estão associados com o risco aumentado de desenvolvimento de asma, principalmente após infecção com vírus VSR (MEISSNER, 2016). Cerca de 40% das crianças internadas por bronquiolite desenvolvem asma, segundo Bacharier (2012). Inclusive, a predisposição genética à bronquiolite severa na infância e o desenvolvimento de asma estão relacionados com polimorfismos (alterações de genes) envolvidos com o sistema imune e variações no cromossomo 17 (CALISKAN, 2013).

E a vitamina D?

Vitamina D, além da regulação de cálcio, tem capacidade de modular o sistema imune inato e o adaptativo, apresentando importante função de defesa em infecções respiratórias (MORENO-SOLÍS, 2014). Também, o aumento da atividade antiviral em infecções respiratórias foi observado por Telcian (2017). Evidências científicas de Hansdottir (2010) sugerem o efeito protetivo da vitamina D contra bronquiolite severa com base na redução da resposta inflamatória das células epiteliais das vias aéreas.
Dados de Rorh (2010) demonstraram menor concentração sérica de vitamina D em crianças com bronquiolite em comparação ao controle saudável. Evidências de Belderbos (2011) sugerem que a suplementação de vitamina D durante a gestação reduz significativamente o risco de infecções respiratórias nas crianças como bronquiolite.
Estudo publicado na revista European Journal of Pediatrics (2014) observou a alta prevalência de hipovitaminose D (baixos níveis) em crianças com bronquiolite na Espanha, bem como o aumento da severidade da doença, conforme a redução da concentração sérica dessa vitamina.
Vo (2018) acompanhou 1015 hospitalizações por bronquiolite infantil e constatou que crianças com o nível de vitamina D abaixo de 20 ng/mL apresentaram risco aumentado de cuidado intensivo, assim como maior tempo de internação em relação àquelas com níveis acima de 30 ng/mL.
Portanto, é de suma importância que toda a família consulte o médico ou nutricionista para garantir o valor adequado de vitamina D para cada caso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

12 frutas low carb.

  1 – Abacate Conhecido por ser um alimento calórico, o  abacate  é considerado bastante saudável por apresentar nutrientes como fibras, gorduras boas, vitaminas A, E e do complexo B, e sais minerais, como cálcio, ferro, fósforo e magnésio. Porém, ele é uma das frutas low carb que menos apresentam quantidades de carboidratos em sua composição. 2 – Acerola De forma geral, as frutas vermelhas são opções com pouca quantidade de carboidratos, como é o caso da  acerola . Em contrapartida, ela também se mostra uma opção nutritiva, uma vez que carrega antioxidantes, flavonoides, vitaminas A, C e do complexo B, e minerais, como cálcio, ferro, fósforo, magnésio, potássio e zinco. 3 – Amora A  amora  é outra componente do grupo das frutas vermelhas que tem baixas quantidades de carboidratos. No entanto, ela tem outras propriedades nutritivas essenciais para o bom funcionamento do organismo, como antioxidantes, flavonoides, vitaminas C, E, K e do complexo B, e sais minerais, como ferro, magnésio,

Hormônios Intestinais no Controle do Apetite e Obesidade

Os nutrientes induzem a saciedade, que é uma sensação produzida pelo sistema nervoso central após detectar uma quantidade adequada de nutrientes por um determinado período de tempo. Portanto, detectar corretamente os nutrientes é o fundamento da saciedade. Intui-se que a detecção de nutrientes seja mais precisa do que aquela de volumes; caso contrário, os animais que se alimentam de substâncias não nutritivas poderiam se sentir impropriamente satisfeitos e deflagrar respostas metabólicas pós-prandiais como a secreção de insulina, impropriamente, gerando hipoglicemia. A detecção de nutrientes é essencial, a detecção de volumes é assessória. Pacientes submetidos à gastrectomia total apresentam regulação de apetite bastante normal. Talvez essa possa ser a razão pela qual cirurgias puramente restritivas no tratamento da obesidade apresentam resultados piores quando comparados a todas as técnicas que, de alguma forma, levem os nutrientes mais rapidamente para o intestino. Os nutrientes são

Hesteatose hepática e dores cervicais

 Qual a relação que um problema visceral poderia ter com sintomas neurológicos como dores de cabeça ou parestesia de membros? Acompanhe o que uma disfunção hepática pode acarretar. Primeiro de tudo, todos os nossos órgãos têm um padrão de dor referida, ou seja, apesar de haver um problema em um local, a dor surge em outro. Um caso clássico disso é quando ocorre um infarto. A pessoa que está infartando relata dor em todo o membro superior esquerdo, mandíbula, pescoço e peito. Outro exemplo são as mulheres com cólica menstrual que além de referirem dor em abdome baixo, relatam dores na coluna lombar.  Dores de origens intestinais e renais também são fonte de dor na lombar e no caso dos intestinos e útero, a dor referida pode chegar em alguns pontos dos membros inferiores, levando a crer que seja um sintoma do nervo ciático quando na verdade é uma disfunção visceral. Isso acontece, porque o sistema nervoso autônomo (que inerva os órgãos) faz parte do sistema nervoso periférico (que inerva