Medicações que interferem na função da tireoide
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A lista de medicamentos que interferem na função da tireoide é muito extensa, e o endocrinologista tem que estar habituado a reconhecer estes potenciais interferentes. Essa lista inclui remédios utilizados para tratamento de câncer, arritmias, doenças inflamatórias, entre outros. Está com pressa? Cheque o infográfico no final. Se tiver um pouquinho mais de tempo continue lendo: Basicamente, os remédios podem interferir na tireoide por alguns mecanismos diferentes, que podem ser agrupados para facilitar o entendimento: (1) interferência direta no eixo de funcionamento da tireoide, (2) interferência no tratamento de doenças da tireoide, (3) interferência nos resultados de exames da tireoide, que geram resultados equivocados.
Interferência no eixo tireoideano
- Medicações utilizadas para tratamento de tumores: são os chamados inibidores de “checkpoint” imune, drogas relativamente novas, que podem desencadear diversas doenças endocrinológicas auto-imunes, inclusive tireoidites.
- Drogas que diminuem o TSH: o TSH é o hormônio que estimula a tireoide a produzir seus hormônios. Algumas medicações agem diminuindo a produção dele – e, consequentemente, a produção dos hormônios tireoideanos T3 e T4 – como os corticoides (prednisona, dexametasona, hidrocortisona, betametasona, entre outros), os agonistas da dopamina (como cabergolina, anfetaminas, bupropiona, etc) .
- Medicamentos que alteram a produção do hormônio da tireoide: aqui temos alguns tipos diferentes de remédios. O iodo (contido no lugol e em alguns tipos de contraste para exame radiológico), em uma fase inicial pode tanto reduzir a produção dos hormônios tireoideanos quanto desencadear uma inflamação da tireoide (tireoidite). Já a amiodarona, que é utilizada para tratamento de arritmias, pode causar tanto o hipotireoidismo (redução dos hormônios tireoideanos) quanto alguns tipos de tireoidite (em que há excesso de hormônio tireoideano). O lítio, utilizado como estabilizador de humor, pode causar bócio (aumento da tireoide) e hipotireoidismo, principalmente em mulheres abaixo dos 40 anos.
- Remédios que geram doença auto-imune na tireoide: aqui entram drogas usadas para tratamento de câncer, e outras, como interferon, utilizadas para tratamento de hepatite C (atualmente não é mais a primeira escolha). Além disso, o alemtuzumab, utilizado para tratar esclerose múltipla, gera disfunção tireoideana em 41% dos usuários, podendo ocorrer anos após o uso.
- Remédios que interferem no transporte dos hormônios da tireoide: os hormônios da tireoide são transportados por proteínas específicas, a principal das quais é conhecida como TBG (thyroid binding globulin). Drogas como estrógenos, metadona, SERMs (como tamoxifeno) aumentam esta TBG, o que faz com que haja, inicialmente, menos hormônio livre no sangue.
- Drogas que diminuem a conversão de T4 para T3: o T3 é o hormônio mais potente, portanto, se uma medicação diminui a conversão, pode prejudicar o funcionamento correto do eixo da tireoide. Drogas como amiodarona, corticoide, propranolol em altas doses tem esse poder.
Drogas que alteram o tratamento de doenças da tireoide
Aqui é importante dizer que quase todas as drogas e alimentos alteram a absorção da levotiroxina, que é o hormônio tireoideano usado para tratar pacientes com hipotireoidismo. Isso porque esse remédio precisa da acidez gástrica preservada para ser corretamente absorvido. Portanto, a recomendação é de tomar esse remédio apenas com água, em jejum, e esperar pelo menos 30 minutos para se alimentar.Algumas medicações tem maior efeito de atrapalhar a absorção: sulfato ferroso (usado para tratar deficiência de ferro), carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio (utilizado em anti-ácidos), entre outros. O ideal é tomar essas medicações com pelo menos 4 horas de distância da levotiroxina.
Medicações que interferem no resultado dos exames
Nesse grupo, a maioria das drogas gera resultados “falsos” dos exames por interferir nos métodos do laboratório. O paciente em geral não tem doença mas apresenta alterações laboratoriais inexplicáveis.
- Em primeiro, segundo, e terceiro lugar está a biotina! Este componente está presente em muitos suplementos alimentares, multivitamínicos, e medicações para fortalecer o cabelo, e é hoje o principal interferente de exames da tireoide. Quando se fazem exames usando biotina, podem vir falsamente alterados dependendo do método. Na dúvida, a recomendação é deixar de tomar a biotina pelo menos 48 horas antes dos exames, idealmente mais tempo.
- Heparina: utilizado como anticoagulante e como medicação para prevenir trombose em pacientes internados, pode aumentar os níveis de hormônios falsamente em resultados de exames, por removê-los da TBG e deixá-los mais disponíveis no sangue.
- Anticonvulsivantes, como fenitoína, carbamazepina, etc: também podem gerar níveis mais baixos de TSH e hormônios tireoideanos.
A lista de medicações que interferem na tireoide é muito extensa. É importante porém, que o paciente não pare ou inicie nenhuma dessas medicações por conta própria.
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